Andava eu pelo Porto à noite a deambular, sozinha e deprimida. Umas amigas minhas estudavam, mas eu não conseguia ficar em casa. Fui ter então com outro amigo na esperança que me ajudasse, mas ele ignorou-me.
Mal amada e a bater mal, fui parar a um clube de strip/ casa de alterne. Diga-se de passagem que combinava todos os clichés que se esperam numa casa dessas; abaixo do nível da rua, de paredes vermelhas, com empregadas já gastas e drogadas, de cabelos loiros mal pintados e raízes pretas, e gordos carecas, com muito mau aspecto, a salivarem como bulldogs por elas. Tornei-me garçonete. Empregada, mas obrigada a usar roupas reduzidas, o meu estado merdoso contínuo mantinha-se.
Lembro-me que ia ter uma prova de fogo em que teria de fazer um strip para uma casa cheia. Andava stressada e apavorada com a ideia, mas eis que o meu pai sai da prisão! O meu pai era o Banderas! Numa mistura de "El Mariachi" de Desperados com o pai que interpreta em La piel que habito! Tinha sido preso juntamente com uns vizinhos meus por consumo de droga.
Aproximava-se a noite do strip e eu continuava aterrorizada, a tentar arranjar forma de fugir, sem sofrer retaliações. Sem opções, resolvi enfrentar o touro pelos cornos e apareci no trabalho, que desta vez era numa casa de paredes azuis marinhas e balcão iluminado por luzes verdes. Estremeci de medo ao ver os tapa-mamilos com luzes LED, saí dos camarins e despedi-me. - Antes levar uma sova, do que chegar aquela decadência! - Mas nada me ia acontecer, porque quando reparei estava o meu pai e o resto da família ao balcão. Ele fumava um charuto e qual mafioso protector bastava a presença dele para não me fazerem nada.
Saímos dali e fomos comemorar. Passámos pela cadeia, onde começamos a festa e fomos para casa, onde nos esperavam comes e bebes.
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