segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Dos filmes amorfos

Há uma série de filmes aclamadíssimos pela crítica que eu pura e simplesmente não percebo. Não que sejam maus, mas são tão amorfos que passo um hora ou duas sem qualquer reacção ou emoção e depois de desligada a televisão ou o computador se me perguntarem se gostei a única coisa que me ocorre dizer é "Nhe...". Chamem-me de ignorante, mas entendo que o cinema enquanto arte deve-nos provocar algum tipo de reacção, não?! Empatia? Deslumbramento? Quanto mais não seja enquanto forma de entretenimento, deve-nos perturbar, emocionar, encantar, questionar, sei lá! Alguma coisa que não seja uma racionalização forçada pelo contexto social que classifica aquele filme como espectacular quando na verdade não teve impacto nenhum, não nos disse nadinha e não há qualquer entusiasmo sequer em debater uma merda que não fez mais do manter um nível mínimo de entretenimento (menos do que isso não chegava sequer a perder o meu tempo).
Dito isto, penso em filmes como The Descendants, Beginners ou La piel que habito. É verdade que não tenho especial empatia pelo Almodóvar, mas não vi o filme com esse obstáculo já pré-estabelecido. La piel que habito só veio confirmar o meu desamor pelo realizador, mas este só existe porque apesar de o Almodóvar ter claramente uma mente retorcida, que me agrada, apresenta filmes constantemente amorfos. Ele consegue tornar histórias como a de La piel que habito em que Richard (Antonio Banderas) rapta o violador da sua filha, submete-o a múltiplas cirurgias de mudança de sexo, recriando a sua mulher falecida e acaba a pinar com ele (!) numa história completamente desprovida de emoção! Num relato tão frio e cru que é apenas cerebral. Ok, I get it, mas nem por isso acho piada.
Beginners, por outro lado, tem um tom constantemente melancólico. É daqueles filmes pseudo-deprimentes e pseudo-artísticos, de imagem pálida, monólogos interiores e conversas com um cão dos pseudo-atrofios de Oliver (Ewan McGregor). Este encontra o amor e a felicidade com uma mulher, Anna (Mélanie Laurent), pouco depois de perder o pai, vítima de cancro e que se havia assumido como homossexual poucos anos antes. Porém como o gajo além de aborrecidíssimo, apresenta como únicas características de relevo ser dado ao atrofio e ao melodrama, afasta-se dessa mulher, porque voltar a ser feliz estava-lhe a dar cabo dos fusíveis, sabe lá Deus porquê, e mais vale regressar à sua vidinha cinzenta e taciturna. Vá lá que pouco depois cai em si e decide ir atrás de Anna e tudo acaba bem e é tudo muito giro. Pena ser tão pseudo-dramático e amorfo.
Por último, The Descendants, que apesar de não ser um mau filme, não deixa de me lembrar os dramas de Nicholas Sparks. A história resume-se à reaproximação de um pai, Matt (George Clooney), com as filhas, depois de um acidente ter deixado a sua mulher moribunda. Enquanto isso, este tem em mãos um negócio de venda de umas terras de família espectaculares e selvagens, que estava-se mesmo a ver que não iam ser vendidas, porque afinal o senhor é um homem bom e de princípios e não podia deixar destruir a riqueza natural do Havai para se erguer um mega resort. Pois claro que sim.




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